O Verdadeiro Sabor do Tempê


Ao longo de mais de 300 anos, o tempê (ou tempeh) — tradicional alimento fermentado da Indonésia feito com grãos de soja — manteve-se como um símbolo de sabor, nutrição e cultura. Porém, o tempê que encontramos hoje nos mercados muitas vezes se distancia do sabor original de séculos atrás. Mas um estudo recente publicado na revista Nature Scientific Reports traz novas luzes sobre como recuperar esse sabor autêntico, revelando a importância de se usar uma combinação de dois tipos de fungos do gênero Rhizopus: o Rhizopus oligosporus e o Rhizopus oryzae.

O que diz a ciência?

O estudo analisou a diversidade microbiana de diferentes fermentos (starter) de tempê vendidos comercialmente. Os pesquisadores descobriram que os fermentos mais comuns atualmente são dominados pelo Rhizopus oligosporus, um fungo muito eficiente na fermentação, conhecido por sua resistência, segurança alimentar e pelo seu aroma marcante.

No entanto, foi observado que, no passado, era comum a presença de outro fungo: o Rhizopus oryzae. Ele é conhecido por produzir compostos que tornam o sabor e o aroma do tempê mais suaves, também oferecendo uma textura mais firme, além de um micélio branco algodonoso de hifas maiores, semelhante ao tempê artesanal feito em aldeias indonésias.

Segundo a página da Wikipedia (em inglês) sobre o tempê, o R. oryzae contribui de forma significativa para o sabor original do tempê tradicional, mas foi sendo deixado de lado ao longo dos anos em função da massiva produção comercial do fermento.

O retorno do sabor autêntico do tempê

A boa notícia é que já existem fermentos disponíveis no mercado que combinam os dois fungos — como o fermento para Tempê Rosinha (BLEND), que traz uma fórmula exclusiva com o blend de Rhizopus oryzae (80%) e Rhizopus oligosporus (20%). Essa mistura foi desenvolvida justamente para resgatar o sabor ancestral do tempê.

Quais as vantagens desse BLEND?

  • Sabor e aroma mais suaves: O R. oryzae é responsável por compostos aromáticos que remetem ao tempê produzido há séculos. Ele proporciona uma riqueza sensorial maior, com notas mais suaves, levemente frutadas que agradam especialmente quem busca um sabor mais delicado.

  • Textura e aparência aprimoradas: A combinação dos dois rhizopus resulta em um tempê de textura mais firme, ideal para quem quer substituir carnes em receitas, pois não desmancha com facilidade e permite diversos cortes. Apesar de compactar mais os grãos, seu micélio pode ser maior em tamanho, o tornando também mais branco e volumoso.
  • Suporta temperaturas mais frias: O fermento BLEND tem o poder de produzir tempê em temperaturas mais frias. Ideal para quem mora em regiões com essa característica. Porém, o processo de produção pode ser feito da mesma maneira que o tempê comum.
  • Versatilidade de grãos: O R. oryzae também é conhecido por uma maior capacidade de produção de aminoácidos e o processamento de gorduras complexas de algumas leguminosas.

Produzir tempê com um fermento que combina Rhizopus oryzae e Rhizopus oligosporus é mais do que uma escolha técnica — é um gesto de resgate cultural e gastronômico. Essa mistura oferece o melhor dos dois mundos: o sabor do tempê moderno encontrado em casas de produtos naturais, com o sabor memorável do verdadeiro tempê indonésio.

Para quem deseja saborear o passado em cada mordida, o uso do nosso blend é o caminho mais direto para um tempê que honra suas raízes.

É fácil Fazer Tempê?

Spoiler: SIM, é fácil e barato produzir tempê em casa 👨‍🍳🏡


Então, em um belo dia, já cansada de improvisar em suas refeições, você descobre o tempê ou tempeh, uma proteína vegetal fermentada. Super versátil e de origem asiática, ele é muito bem avaliado na internet, porém não é tão fácil de ser encontrado para comprar.

A vida de quem busca uma alimentação mais saudável e ecologicamente correta pode até não parecer fácil. Alguns vão supor que é um estilo de vida caro, mas é justamente esse segundo ponto que me inspira a escrever este texto.

Eu te encorajo a se aventurar na produção de tempê como algo fácil de fazer e ainda te provo que é mais barato do que qualquer outra proteína produzida no mundo. Sem contar o quão sustentável ele pode ser quando comparado a outras fontes proteicas.


Com o tempo, ele se torna fácil de fazer

Sim, fazer o tempê exige algumas pequenas etapas, assim como preparar um bolo. Com o tempo, seu preparo se torna intuitivo e toda sua paciência e dedicação serão recompensadas por um alimento extremamente nutritivo.

Em resumo, estamos falando de: lavar os grãos de alguma leguminosa; deixá-los de molho por algumas horas; cozinhá-los; romper algumas cascas (se necessário) para facilitar o trabalho do fermento; secar os grãos; inoculá-los com o fermento; embalar em saquinhos tipo zip-lock ou em assadeira; e garantir uma temperatura aproximada de 30º C por pelo menos 24 horas. (Saiba como ➤)


É mais barato para o seu bolso

Fazendo uma conta rápida, considerando que cada 100g de tempê preparado com o fermento Rosinha e utilizando grãos orgânicos de soja, seu custo por porção* não será maior que R$ 2,00.

Lembrando que um pacote de fermento Tempê Rosinha de 25g pode render até 5 kg de tempê. Isso é suficiente para servir como proteína de qualidade no almoço para duas pessoas por aproximadamente um mês.

*Na data desta postagem, o custo médio de 500g de soja orgânica era de R$ 14,00, podendo produzir 1 kg de tempê após seu cozimento; Já o pacote de Fermento para Tempê Rosinha de 25g pode ser encontrado a R$ 25,00 com cupom de desconto na Shopee.


É bem mais sustentável

O trajeto até o tempê chegar ao seu prato quase não produz impacto ambiental quando comparado a qualquer outra fonte de proteína animal. Estamos falando de uso de água, terra, produção de carbono, etc.

Sem contar que você pode fazer seu próprio tempê utilizando a leguminosa que desejar. Hoje em dia, não é tão difícil comprar grãos proteicos de um pequeno agricultor familiar, que também seja orgânico.

Você pode até mesmo plantar seu próprio feijão, como incentivamos no caso do feijão-guandu, que é arbustivo, produz diversas vezes no ciclo de um ano, é super proteico e pode ser cultivado em pequenas áreas sem muita exigência, capaz ainda de sobreviver a longos períodos.